Olá!!!!
Hoje convidamos a Terapeuta ocupacional Adriana Gonçalves Queiroz, mestre e doutoranda do Programa de Estudo do Lazer da UFMG e sócia-fundadora do Projeto Lazer Sem Limites, para trazer ao blog contribuições sobre a Terapia Ocupacional e Lazer! Lembrando que no dia 20/08 teremos um Workshop com ela sobre este tema! Boa leitura a todos!!!
ALGUNS
DIZERES SOBRE TERAPIA OCUPACIONAL E LAZER
Adriana
Gonçalves Queiroz(1)
Enquanto de longe,
dessa "hidromassagem natural", eu olhava moradores, cuidadores,
estagiárias e uma supervisora parceira; enquanto encantava-me com as tomadas de
decisões, com as explorações do espaço, com a educação diante de tanta comida,
com os olhos brilhando, com o aventurar-se daquelas pessoas em águas novas,
agradeci a Deus. (Parte de post em
minha página no Facebook em fevereiro de 2014)
De acordo com a Associação
Americana de Terapia Ocupacional (AOTA, 2015), na Estrutura da prática da
Terapia Ocupacional: domínio & processo ocupações são, de forma geral,
atividades significativas para o (s) indivíduo (s), que são importantes para a
construção de sua identidade e senso de competência, assim como são edificadas
e influenciadas pela participação do indivíduo em determinado contexto,
cultura, história e subjetividade.
Terapeutas ocupacionais interessam-se
e buscam compreender as ocupações nas quais seus usuários têm se engajado. No
entanto, muitas vezes, focam apenas nas atividades de vida diária, atividades
instrumentais de vida diária e trabalho. Ainda, poucos profissionais debruçam-se
sobre o lazer de seus clientes, não apenas como um ponto da vida, mas como um
fator importante de sua participação na sociedade, família, amizades, exercício
da cidadania, meio para um fim terapêutico ou fim em si mesmo, ou em um paradigma
ainda mais abrangente: uma necessidade humana.
Gomes (2014) pontua que o
lazer é permeado pela construção histórica e cultural na qual o indivíduo está.
Dessa forma, seu lazer é atravessado por esses fatores. Lazer, para essa
autora, é uma necessidade tal qual as fisiológicas que precisa ser satisfeita. A
forma de abordar, vivenciar, problematizar, refletir sobre esta necessidade é
que se apresenta como questão no processo terapêutico ocupacional.
Nesse viés, pensar o lazer
em uma forma dicotômica em relação ao trabalho é reforçar os valores capitalistas
em que a sociedade tem se pautado. Terapeutas ocupacionais geralmente se veem às
voltas com pessoas que não se encaixam na dureza da produtividade capitalista,
mesmo com políticas públicas que se voltem a sua inserção no mercado de
trabalho como a direcionada às pessoas com necessidades especiais e às de
economia solidária. A subjetividade e a história ocupacional e de vida de cada
indivíduo com o qual o terapeuta ocupacional irá trabalhar deverão ser
escutadas e respeitadas. As complexidades e singularidades dos clientes que os
terapeutas ocupacionais atendem remetem-se a um conceito de Lazer que
possibilite a estes que sejam vistos, suas vozes ouvidas e sejam convidados e
incentivados a saírem das margens impostas pela sociedade.
Nesse sentido, compreender o
lazer como necessidade humana permite ao profissional construir com seu cliente
saídas infinitas para satisfazer sua necessidade finita. Criando uma parceria
que buscaria dentro dos fatores dos clientes, habilidades de desempenho,
padrões de desempenho, contexto e cultura, as inúmeras formas de satisfazer
essa necessidade.
REFERÊNCIAS
GOMES,
Christianne Luce. Lazer: necessidade humana e dimensão da cultura. In: Revista Brasileira de Estudos do Lazer.
Belo Horizonte, v. 1, n. 1, p. 3-20, jan.-abr. 2014.
Rev.
Ter. Ocup. Univ. São Paulo; jan.-abr. 2015; 26 (ed. esp.):1-49.
Disponível
em: http://dx.doi.org/10.11606/issn.2238-6149.v26ies. p. 1-49. Associação
Americana de Terapia Ocupacional. Estrutura da prática da Terapia Ocupacional:
domínio & processo. 3. ed. Tradução do original publicado pela American
Occupational Therapy Association (2014). Occupational therapy practice
framework: domain and process (3rd ed.). In: American Journal of Occupational Therapy. 68 (Suppl.1), S1–S48.
Disponível: <http://dx.doi.org/10.5014/ajot.2014.682006>. Traduzido para
o português por Alessandra Cavalcanti (UFTM), Fabiana Caetano Martins Silva e
Dutra (UFTM) e Valéria Meirelles Carril Elui (FMRP-USP); autorizada para
publicação em português, acesso aberto na Revista
de Terapia Ocupacional da Universidade de São Paulo. 2015; 26 (ed.
especial).