Hoje após três avaliações de novos clientes para iniciar a intervenção terapêutica ocupacional domiciliar, fiquei refletindo enquanto dirigia, sobre a diversidade de coisas e idéias que precisam passar pela mente de terapeutas ocupacionais.
É uma diversidade tão grande de problemas de desempenho que as pessoas passam na vida, que exige grande flexibilidade para intervir... É sempre preciso considerar o que é importante para uma determinada pessoa, e não adianta acharmos que o bom, por exemplo, é escovar os dentes, se o desejo da paciente é passar batom...claro que no final ela vai estar escovando bem os dentes (espera-se), mas não podemos jamais deixar de escutar esta demanda do batom, que fala sobre sua imagem, sua vaidade, sua aparência e parte de sua identidade.
Com frequencia alguns colegas pedem sugestões de atividades para determinados problemas, mas dificilmente isto funcionará sem fazer significativas adaptações considerando o sujeito, seu contexto e sua subjetividade. Uma atividade de troca de dominância para uma idosa bordadeira é bem diferente de uma atividade de troca de dominância de uma idosa que precisa assinar seu nome. A mesma atividade, mas com fins diferentes, para pessoas diferentes, com desempenho e contexto diferentes...já não é a mesma atividade. Neste caso a troca de dominância não é propriamente o fim, e sim o meio para poder desempenhar uma atividade importante em seu dia-a-dia, que seria bordar e assinar.
É a partir destas e de muitas reflexões da minha prática, que tenho a certeza da escolha que fiz. Ser terapeuta ocupacional vai muito além do que os outros podem ver...diz da intimidade das pessoas, de sua independência para permanecer sendo quem ela é e exercendo sua autonomia nos espaços que ela conquistou.
Nós terapeutas ocupacionais que no dia a dia nos deparamos com as dificuldades das pessoas nas mínimas coisas, como: conseguir segurar a bucha do banho durante o mesmo e esfregar o próprio corpo sem depender de alguém; conseguir levantar-se da cama para ir ao banheiro ou circular pela casa por meio de uma adaptação ambiental, sem ter que para isto solicitar á alguém que participe desta sua decisão e o ajude a cumpri-la; conseguir circular pelas ruas da cidade para ir estudar, ou trabalhar, sem achar que todos ao seu redor o estão perseguindo...
Nós podemos considerar o nosso dia a dia muito rico de conquistas, apesar de frequentemente lidarmos com o sofrimento. E nosso dia a dia precisa estar recheado de atividades diversificadas, com propósito e fim terapêutico para atender a esta demanda tão diversificada. Então, continuemos nos munindo de recursos e fazendo bom uso deles, para que os prejuízos no desempenho das atividades não sejam maiores do que o vontade dos sujeitos em superá-los.
Abraços,
Keliane de Oliveira
Terapeuta Ocupacional
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