Boa Tarde!
Neste mês, conforme já postado no blog, aconteceu um debate com familiares de pessoas com esquizofrenia, afim de conversar sobre pontos importantes da vida do paciente e do familiar/cuidador que convive com a esquizofrenia. O encontro contou com familiares muito interessados e participativos e a troca de informações foi realmente muito rica.
Neste debate muitos assuntos foram tratados, muitos pontos específicos de cada caso foram discutidos a partir dos relatos dos familiares, e venho aqui sintetizar um pouco do que foi discutido para compartilhar com outros familiares que visitam o blog.
Cada pessoa é única, portanto não há como esperar um comportamento muito padronizado na esquizofrenia. É preciso observar e enxergar as particularidades da pessoa com a qual você convive. Diante destas observações ficará mais fácil estimular as suas habilidades e favorecer mais sua independência e autonomia.
Uma das orientações mais importantes discutidas neste encontro foi a questão de engajar o paciente em atividades da rotina com a seguinte mudança de postura: fazer com o paciente e não para ele.
Muitas mães, irmãos, esposas e esposos, tendem a achar que a pessoa com esquizofrenia é incapaz de realizar a maior parte das atividades e muitas vezes acreditando estar beneficiando-a ou não sacrificando-a com exigências, realiza as atividades por ela. São exemplos comuns disso: os familiares servirem a comida ao paciente, pois este relata cansaço (o que não é mentira, mas precisa ser estimulado); o paciente não participar de nenhuma atividade da rotina da casa, por ser poupado pela família (geralmente com um discurso: ele é doente tadinho); não ser estimulado a participar de eventos sociais, em função da sua tendência ao isolamento.
Sabe-se que um dos sintomas negativos mais persistentes na esquizofrenia é o isolamento social, e para combatê-lo existem tratamentos não farmacológicos (terapia ocupacional e psicologia) e principalmente o estímulo da família.
Isto não quer dizer que a orientação seja para que façam com que os pacientes desenvolvam atividades sozinhos, com mudanças bruscas de rotina. Isso não! A orientação é para sair do fazer para e ir para o fazer com. Esta mudança é benéfica para o paciente, pois faz com que ele experimente maior autonomia, confere a ele o sentimento de pertencimento e utilidade, aspectos de suma importância na qualidade de vida. E em outro ponto, também reduz a sobrecarga que por vezes existe sobre o familiar/cuidador que realiza a maior parte das atividades por ele.
Essas são apenas algumas dicas discutidas, posteriormente trarei novos conteúdos a esse respeito.
Abraços,
Keliane de Oliveira
Terapeuta Ocupacional